José Marques da Cruz


Liz Lena


... a sua vocação resolvia o problema da forma mais simples.
Entregava ao jovem uma folha de papel pautado, em branco, e uma caneta, dando-lhe quinze minutos de tempo para escrever sobre um tema abstracto como "fraternidade","democracia", "amor". Enquanto isso noutra sala, ficava conversando com o ansioso genitor. Findo o tempo concedido, ia buscar o resultado: se houvessse escrito mais de vinte linhas, sua propensão era para as letras; se umas dez, para a medecina; e se pouco mais de cinco, para a engenharia.

Retomando sua biografia: voltou ele a São Paulo e procurou o "Ginásio Macedo Soares", para o qual receber aquele convite a bordo da "Arlanza", e, em pouco tempo, passou de algumas a muitas aulas por semana. Era o ínicio de uma carreira dedicada a transmitir conhecimentos a gerações de paulistanos, lecionando português, latim, história geral, história do Brasil e francês, e, através dos seus livros didáticos, culturalizando milhares de brasileiros, desde o "Colégio Stafford" (1914 a 1948), " Instituto Mackenzie" (1915 a 1918), "Instituto Ciências e Letras", "Escola Técnica de Comércio Àlvares Penteado" (1919 a 1921) e "Escolas da Colónia Portuguesa de São Paulo" (onde ensinava gratuitamente), de 1931 a 1936, até o "Ginásio Oswaldo Cruz" (de que, com os consagrados mestres Colombo de Almeida e Aldelindo Leal, foi diretor e fundador em 1915), "Colégio Pindorama" (1916), "Ginásio Renascença", que tambéem fundou, e "Liceu Rio Branco" (1941).

Chegou a ter um Colégio com o seu nome, o "Externato Marques da Cruz", na Rua Visconde de Rio Branco, esquina da Rua Aurora, de 1921 a 1926.

Sua vocação para o magistério já se manifestava em Coimbra, onde durante o curso universitário, lecionou um liceu, para atenuar o montante das despesas pelas quais o meu avô respondia.

No dia 30 do mês da sua chegada ao Brasil, havia conhecido minha mãe, Laura Loureiro da Cruz, em um sarau lítero-musical, na casa de Alfredo Loureiro da Cruz, amigo íntimo de seu primo Alves Pinto. Deixou-se fascinar pelo virtuosismo da jovem e bela pianista e, a seu turno, encantou-a com os seus versos. Poucos meses depois, em 17 de Abril de 1913, casaram-se ela com 16 anos e ele com 24. Consolidada a sua permanência no Brasil mais precisamente aqui em São Paulo, onde estavam radicados os meus avós maternos, passou a amar esta terra como extensão da sua.

Era um Marques da Cruz a casar-se com uma Loureiro da Cruz, neta de Domingues Loureiro da Cruz, Visconde de Rio Tinto, título recebido por ser um dos fundadores da Beneficência Portuguesa de São Paulo. Não era sua parente, embora coincidente, parcialmente o patronímico de ambos. Curiosa coincidência também virem a unir-se nesta Terra de Santa Cruz e, para rematar, a festa de casamento ter-se dado na Rua de Santa Cruz, hoje Matias Aires.

O seu primeiro livro, que aqui lançou, foi o "Resumo da Literatura Grega, Latina, Portuguesa, Brasileira, etc." (com um apendice sobre composição...

 

Texto submetido por António Marques da Cruz
Quinta da Serradinha

 

O poeta o escritor


Por Basílio Artur Pereira

Nasceu na povoação de Famalicão, Cortes. Depois do liceu concluiu os estudos na Universidade de Coimbra, indo a caminho do Brasil, ali se radicando.

Cedo começou a dar nas vistas. Em terras brasileiras leccionou em universidades, tendo o seu maior acento na cidade de São Paulo.

José Marques da Cruz foi figura muito respeitada e considerada. È impossível, neste meu apontamento, anunciar mais em promenor aquilo que foi a vida e obra deste ilustre leiriense por terras do Brasil.

Aqui fica um poema da sua autoria:


Lenda do Liz e Lena


Nasceu o Rio Liz junto a uma serra
No mesmo dia em que nasceu o Lena;
Mas com muita paixão, com muita pena
De seu berço não ser da mesma terra

Andando, andando alegres, murmurantes,
Na mesma direcção ambos corriam;
Neles bebendo as árvores chilreantes
Cantavam esse amor que ambos sentiam

Um dia já espigados, já crescidos
Contrataram casar, de amor perdidos
Num domingo, em Leiria de mansinho...

Mas Lena, assim a modo envergonhada
Do povo, foi casar toda enfeitada
Com o Liz mais abaixo um bocadinho.

Soneto de José Marques da Cruz

Poetas de Leiria

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