Igreja de São Martinho
Depois de povoar o sítio desta cidade se fez a Igreja de São Martinho no lugar onde está presente a Praça com seus alpendres. A arcaria que do lado ocidental borda a actual Praça Rodrigues Lobo e que esde tempos remotos se chama Balcões. Este nome deve provir de ali se ter feito mercado, estabelecendo os vendedores os seus balcões sobre as arcarias.
Ignora-se o ano da fundação desta igreja contemporânea do povoamento, quando a vila abandonou a cerca muralhada e desceu para as margens do Rio Lis. No século XIV já temos notícias da sua existência.
A importância de seu povoamento fez com que fosse a freguesia que abrangia na sua paróquia uma parte da vila e vasta área rural, definida pelos lugares do Reguengo do Fétal, Cortes, Arrabal e Santa Catarina da Serra com as suas vizinhanças. O lugar do Reguengo do Fétal foi eleito em freguesia no ano de 1512.
A paróquia de São Martinho deve ter terminado pouco antes da demolição da Igreja e assim os outros lugares passaram para a freguesia de São Pedro.
Poucas são as notícias qe nos restam do templo. Consta que tinha uma torre com dois sinos, no Altar-Mor tinha um retábulo com São Martinho, ladeado por São Pedro e São Paulo e em baixo outros apóstolos. No corpo da Igreja, do lado do evengelho, os altares de Nossa Senhora da Piedade, Santa Luzia e Santo António.
Da Igreja de São Martinho saiu para a da Misericórdia, segundo uma tradição local, o formossíssimo Sacrário Monolítico de mármore amarelo que ainda existe. A transferência foi feita a título provisório, enquanto não se concluia a Sé e assim se tornou defenitiva.
O nome de São Martinho perdeu-se na toponímia local. Na planta de Leiria de 1809 a Praça é designada sem nome, mas dava-se o nome de São Martinho à Ponte que estava junto da residência dos Condes de Valadares.
O antigo estabelecimento hospitalar tinha a invocação de Nossa Senhora de Todos os Santos instítuida em 1222. Recolhia peregrinos, tinha três leitos para homens e dois para mulheres. Entre outras obrigações, tinha de contar 10 missas rezadas e uma cantada por cada confrade falecido, dar de comer a pobres e confrades no primeiro domingo depois da oitava do Natal. O agasalho de peregrinos que se fazia nesta albergaria veio a passar para o Hospital de Ferreiros e depois para a Misericórdia.
Num passado recente foi levantada a calçada em volta da Praça Rodrigues Lobo para colocação de manilhas que recebem águas pluviais daquela zona. Nas escavações foram encontradas ossadas e esqueletos. Consta que ali existiu um cemitério. Aquele local deu lugar a trabalhos de recuperação. Além das ossadas, também foram recuperadas moedas e peças de cerâmica. Um grupo de jovens arqueólogos recuperaram todo aquele achado de tempos muito recuados. Está na posse da Câmara, naturalmente em local reservado.Basílio Artur Pereira
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