Convento de Santana

Do Convento e Santana dá a inforrmação Frei Luiz de Sousa. Teve por fundadora uma ilustre dama da casa de Bragança, D. Catarina, Condessa de Loulé, filha do segundo Duque de Bragança, viúva do terceiro Conde de Marialva, D. João Couinho, morto em Agosto de 1471 na tomada da Arzila.

Viúva, sem filhos, resolveu consagrar-se a Deus e fundar em Leiria um Mosteiro de religiosas da Observância de São Domingos. Não sabemos até que ponto terá influenciado na sua decisão a morte trágica de seu irmão, D. Fernando, executado em Èvora, a 20 de Junho de 1483 e o exílio dos outros irmãos e sobrinhos fugidos da justiça inclemente do Príncipe Perfeito, D. João II. Lopo Peixoto e Isabel de Lemos compraram os terrenos necessários na margem esquerda do Rio Lis, as obras começaram e estavam já adiantadas no ano de 1494.

Foi autorizada a clausura iniciada por cinco religiosas do Mosteiro de Jesus de Aveiro. Diz-se que foi primeira prioresa Teresa Fernandes de Albuqerque. As obras em curso não permitiram a admissão de mais religiosas e noviças.

É desde 1498 que se conta a antiguidade da casa no Mosteiro. Foram admitidas três escravas da Condessa de Loulé para o serviço das religiosas. A fundadora doou todos os seus bens ao Mosteiro e, por disposição testamenteira, transcrita por Frei Luis de Sousa, foi sepultada na Igreja do Convento. Entre as religiosas de Santana (Santa Ana) notáveis pelos seus méritos, destacaram-se Teresa Fernandes e as suas sucessoras, Isabel Vaz, Isabel Lopes, Catarina Nunes, entre outras.

Do Mosteiro de Santana saíram religiosas que iniciaram a clausura no Mosteiro de Montemor-o-Novo no ano de 1506, levando como prioresa Soror Isabel Vaz.

Não obstante as doações recebidas, as religiosas de Santana viveram sempre em grande estreiteza e dificuldade. D. Manuel deu-lhe 126 mil réis e 75 alqueires de trigo de Leiria e mais 180 da Vila Franca e Malveira.

Isabel de Lemos, que suponhamos ser a primitiva dona dos terrenos onde se levantou o Mosteiro, legou-lhe os seus bens.

Em 1626, a Duquesa de Bragança, Dona Brites deixou-lhes também vários bens com a obrigação de uma missa dominical. Frei Luis de Sousa refere que as rendas eram pequenas para 70 religiosas que sustentavam.

Na Igreja do Mosteiro foram sepultadas a Duquesa de Bragança Dona Brites, segunda mulher do Duque D. Teodózio e sua filha Isabel, primeira mulher do primeiro Duque de Caminha. Estavam as sepulturas em bom estado de conservação, quando o Mosteiro foi demolido e a fúria do camartelo nada poupou.

Quando as tropas liberais entraram em Leiria, as freiras abandonaram a clausura. Seguiu-se a extinção das ordens religiosas e em Fevereiro de 1880 morria D. Joaquina do Rosário, última religiosa professa.

Incorporado na Fazenda Nacional o Mosteiro, as Terceiras Dominicanas ali instalaram uma escola elementar. A Igreja de Santana nada tinha digno de especial relevo. Era de uma só nave e na Capela-Mor, forrada a azulejo, havia também alguma talha.

Na vigência da República deu-se fim ao vestuto Mosteiro e o edifício foi cedido à Câmara Municipal por 9.700 réis, pagos em unidades sem vencimento de juros, incluindo-se na venda a parte rústica e urbana. Em 1916 iniciava-se a demolição aproveitando-se os materiais para as obras da Cadeia Comarcã e para a casa do guarda do Castelo. Nos antigos terrenos adquiridos a Lopo Peixoto e Isabel Lemos por D. Catarina levanta-se hoje o Bairro Novo. O povo chama-lhe ainda o Bairro de Santana. Ali esteve situada a comissão regional de turismo. Em nossos dias, o velho convento de Santana foi alvo de arranjos. Ali, estão situados cafés e outros estabelecimentos comerciais. È também local para encontros a nível cultural.

Basílio Artur Pereira

Igrejas de Leiria

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